terça-feira, 31 de maio de 2011

A RAZÃO DA LOUCURA E A DESRAZÃO DA MATEMÁTICA

A simples vontade de tomar um sorvete já me faz parar em uma encruzilhada, mesmo assim entro na sorveteria e peço uma bola de sorvete de chocolate, uma casquinha daquelas em forma de taça. A agonia começa quando eu me sento em uma cadeira de uma mesa e, sozinho, começo a pensar no que fazer com o sorvete antes que ele derreta. O correto, o razoável, seria pegá-lo e acertá-lo na testa , não existe coisa melhor do que bater com um sorvete de casquinha na testa e sentir aquele frio dos Alpes escorrer pelo rosto e, ao chegar na boca, com os primeiros pingos escorridos, sentir o gosto do chocolate como se estivesse passeando na Suíça. Se uma brisa vier bater no rosto, dá pra fechar os olhos e se deliciar com o ambiente tão europeu. Imagino até a ideia dos transeuntes observando -me e tendo a vontade de estar ali com um sorvete na testa sentindo todo aquele prazer, a maioria entrando na sorveteria e fazendo o mesmo.
Como é bom raciocinar e agir dentro de uma normalidade, ver as pessoas assim também procedendo e formando aquela lógica do “se então”, que move o mundo da inteligência e das tomadas de decisões.
“Se sorvete, então testa”; “Se frio, então Alpes”; “Se chocolate, então Suíça”, e com um simples sorvete eu me desloco de Sacramento a Berna em um segundo, ou seja, viajo à velocidade de, aproximadamente, 11000 km/seg (1/27 da velocidade da luz).
O problema da encruzilhada começa aí. Não bato o sorvete na testa, pelo contrário, agindo completamente fora de uma lógica, começo a passar uma pequena pá na esfera que é o sorvete e tomá-lo devagar. Como não posso fazer outra coisa começo a ficar agoniado e imaginar.
O raio da esfera de sorvete é aproximadamente 2cm, então o seu volume, de acordo com a fórmula da geometria espacial (V = (4/3) pi.R³ ), considerando pi = 3,14, é de 33,50 cm³. Poderia voltar à normalidade a partir desse ponto e viajar para os Alpes, mas não o faço.
A profundidade do copinho cônico do sorvete é de, aproximadamente, 12 cm, e o raio da boca, 2 cm, então o volume do copinho, de acordo com a fórmula ( V=(1/3)piR²H), sendo h a profundidade do copinho, é igual a 50,24 cm³. Assim, se eu deixar todo o sorvete derreter dentro do copinho, ele não encherá o mesmo. A agonia aumenta e já quero saber até onde subirá o sorvete após passar para o estado líquido. A razão entre os volumes é a mesma razão dos cubos das alturas ou dos cubos e, ao fazer as contas, encontro a altura atingida pelo líquido, 10,5cm, e o raio do círculo do sorvete igual a 1,75 cm.
O cérebro fervilha, chamo a mocinha atendente, após todo o sorvete ter derretido e digo pra ela “faltou sorvete para encher o copinho”. Ela me olha como se quisesse dizer: “Porque o cara não toma atitudes lógicas e viaja para Suíça?” Mas, educadamente, pergunta: “Como assim, Senhor?” E conclui: “O Senhor mesmo pediu uma bola de sorvete de chocolate. Quer que eu complemente o que falta?”
Calmamente explico a ela. “Não, não é isso. Como o copinho abriga um volume de 50,24 cm³, e a bola de sorvete tem apenas 33,50 cm³, vocês podem fabricar copinho com 10,5 cm de profundidade e 1,75 cm de raio.” A menina somente me pergunta “O Senhor deseja mais alguma coisa?” E eu respondo: “Não! Quanto lhe devo?” “R$ 3,00, Senhor.” Ainda questiono: “Separadamente, qual é o preço do copinho e qual é o preço do sorvete?” Ela: “ ?????”. Calmamente, ela vai para trás do balcão, volta com outra bola de sorvete e me acerta com ela na testa dizendo: “Este é um prêmio da casa, Senhor.”
Sinto-me feliz, agora sim poderei tomar o meu sorvete da forma mais lógica possível. Quando o primeiro pingo escorrido chega à minha boca, eu sinto o gosto de caju, levanto-me, vou até a mocinha e pergunto-lhe: “Essa viagem prêmio tinha que ser para o Piauí?” E ela responde:“O senhor pode escolher Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte ou Bahia. O Senhor queria o que, Suíça?”
Saí da sorveteria pensando: “Essa menina conhece a vontade do ser humano e permite que ele aja dentro da normalidade. O meu único receio é que ela não aprenda Matemática e passe a vida toda servindo 33,50 cm³ em copinho de 50,24 cm³, o que poderá causar uma mudança de inclinação no eixo da terra, expor a Suíça a um calor sufocante e eu acabarei perdendo o meu gosto pelo sorvete de chocolate na testa.
Será que eu me acostumo com o Piauí?


Carlos Mariano de Melo (Março de 2011)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Estão de brincadeira

Não quero criar, neste Blog, a sessão desabafo, mas convenhamos, vamos seguir o seguinte raciocínio relacionado à música.
Pergunto: Chico Buarque, Caetano Veloso, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Djavan, Alceu Valença, Gilberto Gil, Jorge Benjor, Edu Lobo, Paulinho da Viola, Marina Lima, Rita Lee (apesar de tudo) e tantos mais que daria pra encher uma página, pararam de compor? Se assim foi, por favor, digam-me. Caso não tenham parado quero uma explicação. Como é que “Meteoro e Reboleichon” podem entrar como as duas melhores músicas do ano? Senhores, “Meteoro” é infinitamente superior a Reboleichon e infinitamente inferior a qualquer música e letra de Chico Buarque e tantos outras. Os grandes cantores brasileiros estão em greve ou houve morte em massa entre eles? Não posso crer que Ivete Sangalo com toda sua graça, beleza e fogo, seja melhor que Maria Rita, Gal, Bethânia e mais duas mil por aí e nem posso acreditar que Luan Santana seja melhor cantor que Milton Nascimento, etc e veja bem, não acho que o garoto seja ruim, ele é bom, consegue fazer a galera vibrar, tem uma ótima presença no palco.
Pois bem, se questionarmos, o pessoal da rede globo vai dizer: “Isso é a escolha do povo via Internet, vivemos em um país democrático. É claro que se a via é essa então devo concordar com o resultado. Mas, aí eu pergunto: “Porque não mandam o Galvão Bueno embora, por dois anos seguidos ele foi considerado o pior narrador de esportes da TV brasileira também via Internet”?